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Conclusões

 
Tertuliano, comentando as perseguições movidas contra os cristãos, ressalta que "o sangue dos mártires atuava como sementes" e, portanto, quanto mais os heróis da fé tombavam, mais a igreja crescia.
 
Perseguições podem inspirar os obreiros evangélicos a trabalhar com maior fervor, ou eventualmente pode espalhar a semente de forma que venha a germinar em lugares distantes. A história dos batistas do sétimo dia mostra que sofrimentos como tiveram John James, Francis Bampfield, e Edward Stennett não eram suficientes para dar o tipo de resultado almejado na década de 60 (1.650-1.660).
 
Charles Henry Greene e James Gamble, em sua descrição dos batistas do sétimo dia nas ilhas britânicas publicado em 1.910 com o título "Batistas do Sétimo dia na Europa e na América", alistou trinta e duas congregações na Inglaterra, do período que inicia em 1.650 até 1.900. Algumas congregações alistadas são pequenos grupos, cuja existência veio a ser conhecida, porque foram mencionadas em correspondências, portanto tratava-se em muitos casos de igrejas familiares, que o autor desta apostila classifica como micro-congregações. Em alguns casos a mesma congregação também teve diferentes endereços ao longo da história, porque a igreja batista do sétimo dia nos primeiros séculos, na Inglaterra, era uma igreja subterrânea. O termo subterrâneo é moderno e se aplica ao cristianismo do tempo da cortina de ferro, quando existia a União Soviética e atualmente os cristãos na China, Cuba e países maometanos. A palavra subterrânea é usada no lugar de clandestina que é mais pejorativa. Havemos de convir que a igreja batista do sétimo dia, pelo espaço de quase dois séculos, foi uma igreja subterrânea (clandestina) na Inglaterra e, portanto, não temos como avaliar o seu crescimento neste período subterrâneo. Podem ter havido muito mais congregações do que se tem noticia, pois muitas micro-congregações zelavam pelo seu anonimato. As congregações maiores dificilmente foram mais do que dezesseis no período em foco, incluindo as três de Londres (Mill Yard, Bell Lane, e Pimmer’s Hall). As demais estavam espalhadas de North Sea até Norfolk, do Canal Inglês até Dorset e ao norte Natton em Gloucester-Shire.
 
Em 1.980, apenas duas igrejas batistas do sétimo dia podiam ser encontradas na Inglaterra. A de Mill Yard, localizada em Totenham, na região metropolitana de Londres, e a relativamente nova congregação de Birmigham, que abriu um trabalho em Bristol. Estas igrejas não são o fruto direto de sementes da herança inglesa, originadas da linhagem do décimo sétimo e décimo oitavo século de guardadores do sábado. Mesmo que a organização da congregação de Mill Yard tenha permanecido intacta por mais de três séculos, ela representa em seu estágio atual um transplante da conferência Jamaicana da Igreja Batista do Sétimo dia. Tem sido feitas tentativas para explicar as causas do declínio de nossas igrejas na Inglaterra. Greene e Gamble apontaram três causas:
 
1ª) Uma falta de organização no sentido de fazer das diferentes igrejas uma comunidade integrada;
 
2ª) Dependiam de doações para subsistir. A igreja estatal era mantida pelo governo. (Algumas igrejas livres, entre elas a batista do sétimo dia, não perceberam que dentro da Palavra de Deus existe um plano divino para manutenção do ministério, que são dízimos e as ofertas. Sem esta prática é até de admirar como puderam subsistir por séculos antes de desaparecer.);
 
3ª) A utilização dos serviços de pastores integrados em congregações guardadoras do domingo, que eventualmente não demonstravam grande empenho em divulgar a doutrina do sábado, embora particularmente estivessem de acordo com ela.
 
Mas parece haver outras razões básicas, que estão por detrás dos motivos já mencionados, e posteriormente contribuíram para o declínio da membresia nas igrejas inglesas, até que recentemente ela ressurge como um enxerto, provido, pelas migrações de batistas do sétimo dia oriundos das Índias ocidentais. (Jamaica, etc.)
 
Primeiro, a falta de organização, no sentido de fazer das congregações uma comunidade integrada, não seria mesmo algo fácil de empreender. Por exemplo, comparemos duas congregações que vem sendo citadas nesta matéria, a de Mill Yard e de Piminer’s Hall. A de Mill Yard era composta de batistas gerais, ou seja, acreditavam que Jesus morreu por toda a humanidade, e que qualquer pessoa que aceitar a oferta da salvação que Deus faz em Cristo é salva. A de Pimmer’s Hall era formada de batistas particulares, portanto calvinistas na fé, e criam que a salvação é oferecida só para pessoas pré escolhidas por Deus. Quando em 04 de junho de 1.721 as duas igrejas passaram a congregar em Mill- Yard, ficou claro nos registros da igreja que; "passariam a congregar juntas, mas continuariam sendo duas congregações distintas". Ora, analisando do ponto de vista teológico, deve-se concluir que duas diferentes denominações protestantes, que por coincidência guardavam O mesmo dia santo, passaram por força de motivo maior ocupar o mesmo espaço físico para prestar cultos associados, mas sem uma efetiva integração na comunhão religiosa.
 
Em 1.728 houve um racha, quando a igreja de Mill Yard chamou Robert Cornthwaite para o pastorado. Muitos batistas particulares fizeram objeções aos seus pontos de vista unitarianos e se afastaram, escolhendo Edmundo Townsend como seu pastor. Passaram a congregar no Currier’s Hall.
 
Um outro problema foi o legalismo rígido de alguns defensores do sábado como Tillam e Cristopher Pooly da igreja de Norwich. Este legalismo severo pode ter sido uma das principais razões para a deserção de John Cowell, que depois de guardar o sábado por muitos anos pastoreando a igreja em Natton, renunciou e escreveu a livro "O laço partiu-se". A leitura do livro teve um resultado devastador para os guardadores do sábado, por John Cowell ter sido um dos principais defensores do sábado por muitos anos.
 
A terceira barreira para uma comunhão maior entre as igrejas guardadores do sábado era o caráter político. A igreja de Belt Lane, sob a liderança de John Beicher, possuía muitos membros defensores da doutrina da quinta monarquia, e que foram presos por ser uma doutrina subversiva para o Estado Britânico. O governo destes dias nem sempre era muito cuidadoso na avaliação das crenças particulares de cada cidadão e assim muitas vezes a pessoa era culpada por "associação", ou seja, se alguns batistas do sétimo dia professavam esta doutrina subversiva, na mente de muitas autoridades "todos eram farinha do mesmo saco", e portanto deveriam ser perseguidos até serem desbaratados. Assim, por motivo de segurança, tanto indivíduos como congregações, muitas vezes tinham que espalhar-se e mudar de endereço.
 
Assim posto que alguns historiadores definem a falta de organização como a grande causa, o fato é que as diferenças entre eles eram muito maiores do que a fator comum que era o sábado. No final do décimo nono século um pastor Batista do Sétimo Dia observaria: "Eles não subordinavam seu calvinismo, arminianismo e outras teorias controvertidas à necessidade de ensinar e pregar uma doutrina que exigisse sacrifício, esforço e devoção, cinqüenta e duas vezes ao ano, a cada ano de suas vidas."
 
Resumindo, a falta de organização no sentido de integrar em um só corpo os crentes, a diversidade de crenças, com predomínio do calvinismo, que não estimula o trabalho missionário e o envolvimento com uma doutrina subversiva, "os homens da quinta monarquia", a falta da prática de dízimos e ofertas, dependendo só de eventuais donativos, todos estes fatores juntos constituíram um poderoso freio para brecar de tal forma a denominação que foi encolhendo até  desaparecer.
 
Existe ainda um fator, que é o mais importante. Nenhuma verdade deve ser exaltada acima de seu autor. Nenhuma doutrina acima de quem dá origem a ela. Por ser uma doutrina na época muito impopular, o sábado confundido com doutrinas judaicas, requeria uma defesa muito detalhada e especializada. No entusiasmo da defesa, os que advogavam o sábado, muitas vezes o apresentavam como ponto central da fé, deixando Cristo fora de foco. A toda poderosa Pessoa do Espírito Santo ajuda, suporta, dá a sua especial unção e benção à pregação que se centraliza na Pessoa do Salvador, clareando e glorificando sua vida, morte e ressurreição vicária. Qualquer doutrina, posto que santa, verdadeira e de amplo suporte na Palavra de Deus, que receba maior ênfase do que o autor da doutrina vira objeto de idolatria e perde a unção do Espírito Santo. O mérito para julgamento não está no fato do trabalho crescer, tornar-se gigante tipo uma "Universal do Reino de Deus", ou minguar até desaparecer como a "Batista do Sétimo Dia da Inglaterra". Hoje vemos verdadeiras "indústrias da fé" crescendo em um ritmo que dá vertigens para quem contempla, mas colocam a benção acima do autor da benção, saúde e riqueza recebem mais ênfase do que a salvação da alma. Progridem porque têm excelente organização empresarial, e utilizam profissionais de marketing e conceitos de psicologia para dopar a mente das pessoas. Mas a benção verdadeira esta na pregação cristocêntrica e que trata a salvação da alma, como de longe, a necessidade fundamental do ser humano. Onde está atuando o Espírito Santo, prega-se o que as pessoas precisam ouvir, e não o que querem ouvir, ao passo que na religião comercial prega-se o que as pessoas querem ouvir, por isto não admira que a religião comércio seja tão bem sucedida atraindo pessoas como o açúcar atrai as abelhas.