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A América Colonial

 
Devido à famosa história dos peregrinos, que fugiam da Inglaterra, e de certos países europeus, e vinham para a América, almejando principalmente a liberdade de viver em harmonia com a sua fé, tem-se; muitas vezes, a impressão que eles eram a maioria entre os colonizadores. Mas este não é o fato, pois na realidade formavam apenas um percentual menor das massas humanas que lotavam os navios que se dirigiam para o "novo mundo". A maioria era classificada pelos historiadores religiosos da língua inglesa como "unchurched", ou seja, "desagregados", que não freqüentavam nenhuma igreja. Isto tornou necessário o reavivamento religioso que se seguiu e que trouxe muitas pessoas para Cristo, dando origem ao agressivo estilo do cristianismo americano.
 
O próprio nacionalismo americano foi se desenvolvendo de forma paralela, e influenciado pelo desenvolvimento das organizações religiosas. Principalmente as congregações batistas americanas, surgiam através de um "covenant" (pacto ou concerto) feito entre um grupo de pessoas que se constituíam uma congregação e em uma breve declaração, delineavam seus princípios fundamentais de fé e compromissos mútuo de amor, serviço, adoração conjunta e o dever de expandir a fé.
 
Começava em geral com as palavras "nós, as pessoas que... e no final recebia as assinaturas dos pactuantes".
 
A constituição americana começava no mesmo estilo e terminava com a assinatura dos declarantes. Considerada a mais perfeita constituição do mundo reflete os princípios, de liberdade de consciência e de defesa dos direitos humanos por muitos colonizadores cristãos, especialmente os batistas. Alexis de Tocqueville, célebre escritor francês, contrastou as realidades americanas e francesas da época. Na França de então o espírito religioso e o espírito de liberdade marchavam em direções opostas, enquanto na América seguiam de mãos dadas, na mesma direção.
 
É certo que alguns grupos como os puritanos tiveram um pouco mais de dificuldade de acertar o passo com este clamor de liberdade que se ouvia na América. Na colônia de Massachusetts, por exemplo, os puritanos ortodoxos diziam: "Todos os familistas, Antinomianos, Anabatistas e outros entusiastas têm toda a liberdade de se manterem longe de nós".
 
Havia três áreas na primitiva América colonial, em que a liberdade religiosa era garantida, Rhode Island, Pensilvânia e Maryland.
 
Ao fim do período colonial (cerca de 1750) a tolerância religiosa já estava difundida. A diversidade de crenças, bem como os enormes contingentes de descrentes, aliado ao desejo das colônias de atrair gente para a colonização mais rápida de seus territórios, provocou o abrandamento das exigências legais na parte religiosa.
 
A colônia de Rhode Island, desde o seu início, foi estabelecida sobre o principio da completa separação entre o governo e o estado. Foi um dos primeiros governos do mundo a garantir completa liberdade religiosa. Tal façanha tem sido creditada ao famoso Roger Williams, considerado o patriarca dos batistas americanos. Mas o fato é que possivelmente o principal mérito seja do Dr. Clarke, que inclusive foi para a Inglaterra de Cromwel, pleitear junto ao governo inglês a concessão de privilégios especiais, no sentido de haver completa liberdade religiosa em Rhode Island.
 
Em Massachusetts houve perseguição aos que não praticavam o batismo infantil. O tribunal os consideravam seguidores do demônio e em certa ocasião o Dr. Clarke e John Crandall pagaram pesada multa, e Obadiah Holmes por recusar-se a fazê-lo foi açoitado em público com 30 chibatadas, por motivo de realizarem batismo por imersão dentro do território puritano. Por uma ironia muito grande, que por algumas vezes caracterizam a vida humana, o Dr. Clarke estava entre os que na igreja de Newport se opuseram fortemente aos guardadores do sábado, o que levou à fundação da primeira Igreja Batista do Sétimo Dia.